Alimentação. Eles não querem só comida…querem saúde e sabor!
COMER O QUÊ PARA MELHOR CRESCER?
Eles também não querem só comida… querem saúde e sabor
Olhando nossos animais de estimação de hoje, criados com todo luxo, mordomia e mimos, é difícil imaginar que a vidinha deles nem sempre foi assim e que antes de se aproximarem dos humanos em busca de alimento, cães e outros animais dependiam de si mesmos para sobreviver, comer, se proteger e descansar.
Estabelecida a relação pacífica entre o homem e o animal (os primeiros foram os lobos, sempre em busca de alimento) se criaram laços afetivos cada vez mais profundos e os peludos que primeiro foram aceitos para servir e proteger, aos poucos ganharam status de membro da família e passaram do quintal para o sofá.
Das sobras à ração
A forma mais tradicional de alimentar os cachorros era com sobras de carne, das refeições dos donos, e pão umedecido. Como não havia geladeira, nem sempre era possível oferecer carne, então o cardápio variava bastante tanto com relação à disponibilidade dos produtos, de acordo com a época do ano, quanto com relação à região que habitavam e as famílias ofereciam de tudo: peixes, ovos, cereais.
O problema é que, comendo carne crua os animais acabavam adquirindo endoparasitas com mais facilidade, o que lhes encurtavam a vida. Além disso, os temperos da cozinha humana também não eram saudáveis para os peludos. E foi nesse processo de domesticação que passamos a nos importar mais com a saúde e bem estar dos nossos amigos de quatro patas.
Para se chegar à ração que hoje encontramos em Pet Shops e lojas, foi preciso muito tempo e estudo por parte dos produtores. Registros indicam que no século XVIII era fabricada na França uma “pasta” feita de uma mistura de migalhas de pão e pequenos pedaços de carne. Em 1781, uma enciclopédia menciona uma prática anterior de retirar o fígado, coração e sangue de um veado abatido, e misturar com leite, queijo e pão. Já em 1844, o escritor francês, Nicolas Boyard, escreveu um artigo, advertindo contra a qualidade de uma sopa preparada com sebo. Todos estes alimentos eram preparados e comercializados em âmbito regional e foi só em meados dos anos 1800 que o eletricista americano, James Spratt, idealizou um alimento especial para cachorros composto de trigo, legumes e carne. Em 1890, a produção da primeira alimentação exclusiva para cães havia se estabelecido nos Estados Unidos e se tornou conhecida como “Spratt’s Patent Limited”.
Após a Primeira Guerra Mundial surge nos Estados Unidos a marca de rações Ken -L. Tratava-se de um alimento úmido, feito de conservas de carne de cavalo. A ideia desta ração surgiu como um meio de reutilizar a carne de cavalos falecidos em decorrência da guerra.
Na década de 1930 a indústria
alimentícia para animais de estimação entra em franca expansão e surgem as rações enlatadas para gatos e rações secas, na composição de alimentos completos para cães, como conhecemos hoje. A praticidade de um alimento pronto e feito especialmente para os cães fez esse mercado se desenvolver e, em 1950, a General Mills entra para a história da ração, incorporando a Spratt´s e liderando o segmento. Mais tarde, outras empresas alimentícias como a Nabisco, a Quaker e a General Foods, começaram a desenvolver alimentos para animais domésticos.
Hoje, encontramos disponíveis no mercado, inúmeros tipos de alimentos para pets, divididos por faixa etária, raça, peso, qualidade nutritiva e até mesmo para casos especiais, quando o animal possui algum problema de saúde como, por exemplo, as versões light e diet.
Escolhendo o melhor para seu pet
No geral, uma boa ração deve ser rica em fibras, vitaminas, minerais e outros nutrientes necessários para o desenvolvimento e saúde dos pets, nas diferentes fases da vida.
As rações disponíveis no mercado, são classificadas como standard, premium e super premium, de acordo com a qualidade dos nutrientes que possuem.
A novidade é que, mundialmente, está cada vez mais crescente a corrente defensora da alimentação semelhante à humana para animais de estimação, seja ela elaborada de forma artesanal, caseira ou industrializada. Essa preocupação com a qualidade da alimentação dos pets levou muitas empresas a desenvolver uma linha alternativa de ração, sem a utilização de alimentos transgênicos, sem a adição de cereais e com ingredientes próprios para consumo humano. Alimentos congelados e opções à base de carne crua para cães, produzidos por empresas independentes também estão adquirindo uma fatia do mercado.
Isso porque os pets são considerados por muitos as novas crianças de muitos lares e é bem verdade que a dedicação dos tutores por seus animais de estimação muitas vezes se assemelha aos cuidados que os pais têm com seus filhos. E claro que tudo começa com uma alimentação saudável.
Filé de peixe com purê de legumes e quinoa temperados com azeite de oliva e iogurte natural cai bem numa dieta light de qualquer pessoa. Esse é um dos exemplos da última tendência defendida por alguns veterinários para a alimentação dos animais domésticos. Isso mesmo. Donos de cães e gatos vêm substituindo as rações por refeições balanceadas, que, garantem, são melhores para a saúde e mais atrativas. Segundo matéria publicada na Isto É, um estudo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) corroborou essa tese ao analisar fezes de cães que se alimentavam de ração e comiam alimentação natural.
Na mão inversa, porém, alguns veterinários alertam: abandonar os produtos industrializados requer a consulta a um especialista, pois bichos não podem seguir a alimentação humana. O debate promete ser grande!
Para saber um pouco mais sobre essa tendência do mercado, convidamos o Médico Veterinário, Dr. Vinícius Vellone que possui especialização em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais, Terapia Regenerativa, Células Tronco, Medicina Funcional e Alimentação Natural para Cães e Gatos e Terapia com Nutracêuticos para falar sobre o tema que defende em sua tese de pós-graduação. (especialização).
“Deixe o alimento ser o seu remédio e que o remédio seja o seu alimento”.
Hipócrates 400 a.C.
“Considerando o que renomados nutricionistas que trabalham com humanos vêm alertando, que “nós somos o que comemos”, posso garantir que com seu pet não é diferente.
E se nós somos alertados para não consumir alimentos processados industrialmente, e a preferir por comida fresca variada e preparada em casa, porque os pets devem comer uma dieta monótona a base de farinhas de subprodutos, com excesso de grãos, aditivos; corantes, conservantes (BHA, BHT), antioxidantes, estabilizantes, flavorizantes e muitos outros que são suspeitos de causar câncer, alergias e muitas outras alterações endócrinas e até comportamentais? Ainda não posso deixar de citar que rações secas, apresentam apenas 10% de água, o que dificulta sua digestão, tornando-a um produto “antifisiológico”, pois promovem em longo prazo estresse metabólico, desgaste dos rins, prejudicam o sistema urinário, principalmente nos gatos por serem carnívoros estritos, descendentes de felinos de deserto. E volto afirmar, se água é vida, é um combustível e o principal nutriente para o corpo, para os carnívoros não é diferente, pois na vida selvagem além de beber água em abundância, ainda extraem de suas caças boa parte da água para sua manutenção.
O fato é que a procura pela Alimentação Natural (AN) vem aumentando a cada dia no consultório. Em busca de uma saúde 100% para os pets, cresce o número de tutores que adotam a AN através de uma dieta biologicamente adequada e balanceada nutricionalmente, compatível com o metabolismo e a fisiologia digestória dos pequenos carnívoros. Em outras palavras, é o verdadeiro combustível para seu pet e ajuda a prevenir doenças que na atualidade são causadas por alimentos processados, como diabetes, torção gástrica, pancreatite, e o desgaste precoce de órgãos.
Acredita-se que a nutrição tem um papel importante nesse aspecto, devido à genômica nutricional onde cada animal tem seu código genético, onde a interação dos genes com os alimentos e a interação dos nutrientes com os genes, associado ao estilo de vida, vai expressão ao decorrer da vida as patologias citadas, que muitas vezes o alimento é o principal responsável pelo aparecimento ou não dessas doenças.
Ressalto que alimentar com AN não é tão simples, requer tempo e há gasto financeiro aceitável, por isso sempre converso muito com meus clientes.
Não adianta apenas fornecer arroz, frango e cenoura para um cão ou gato, pois, ao invés de estar fazendo bem, posso garantir que estará proporcionando um desiquilíbrio nutricional com graves consequências no futuro, como, raquitismo, doença que não víamos há muito tempo, e que está voltando na rotina clínica de muitos veterinários, nesses casos, é melhor fornecer uma ração de boa qualidade, que fornece todas as vitaminas ideais para um carnívoro.
Claro que os proprietários que podem e conseguem manter seu pet com AN é notório uma mudança na disposição, nos pelos fortes e brilhantes, fezes com pouco odor, alteração na alegria do animal na hora das refeições. Mas para tudo isso, é necessário contratar um profissional habilitado – nutrólogo, que irá montar um cardápio balanceado, com proteína, carboidrato e gordura em quantidades fisiológicas para um carnívoro doméstico e claro haverá suplementação vitamínica para prevenir as deficiências de cálcio, ferro, B12 e outras. Uma grande vantagem de fornecer alimentação natural é que conseguimos otimizar através de cálculos a vitamina D do animal. A suplementação da Vitamina D vem sendo discutida tanto para o humano como nas clínicas veterinárias, devido à sua importância na prevenção de tumor, artrose, doenças cardíacas, etc. Há muitos estudos publicados, comprovando a prevenção em raças de cães com pré-disposição a muitas patologias. Lembrando que essa suplementação deve ser supervisionada por um veterinário, pois, suplementação caseira, poderá ocasionar doenças irreversíveis.
Através de dietas individuais, conseguimos estabilizar e ou melhorar de forma quantitativa a vida de animais com patologias como diabetes, hipersensibilidades alimentares, tumores, hiperadrenocorticismo, gastrite, diarreias crônicas e outras. Como por exemplo, adaptamos a dieta cetogênica para pacientes oncológicos humanos, para os animais. A principal estratégia é aumentar o consumo de proteína e gordura e diminuir ao máximo o fornecimento de carboidrato, dessa forma, diminuímos a glicose que é o alimento primordial de uma célula tumoral e conseguimos enfraquecer a célula maligna.
Acredito que a procura pela AN só tende a aumentar, mas o ideal é que a dieta personalizada do seu pet seja formulada por um MV especializado em nutrologia onde o cardápio é todo balanceado e que só trará benefícios para o animal. E acredito também, que lá na frente, conseguiremos um envelhecimento saudável dos pets, sem obesidade, sem artroses e, claro, evitaremos muitas patologias que hoje são frequentes na rotina clínica de muitos veterinários.