Contraceptivos x Castração
O controle da fertilidade em felinos é um tema de grande importância dentro da clínica de pequenos animais, visto que uma única gata pode gerar indiretamente milhares de filhotes em um curto período de tempo.
Este controle pode ser feito através da intervenção cirúrgica ou castração tanto do gato macho na qual se removem os testículos, assim como da castração da fêmea através da qual se removem os ovários e parte do útero, cessando definitivamente as manifestações do cio.
Os animais castrados não mudam de personalidade, apenas tornam-se mais calmos e mais caseiros, uma vez que o instinto sexual é reprimido. Desta forma, às vezes também tendem a ganhar peso, o que pode ser controlado com alimentação adequada.
No caso da fêmea, os benefícios com o procedimento cirúrgico incluem uma diminuição de 3 a 7 vezes o risco de desenvolvimento de tumores mamários. Extingue também o risco de metrites e piometras (infecções uterinas) assim como de tumores ovarianos e uterinos.
O procedimento cirúrgico é simples e definitivo, sendo que normalmente não requer internação, podendo o animal retornar á casa no mesmo dia. Os pontos são retirados em média após 7 a 10 dias.
Existe outro método contraceptivo no qual é ministrado um medicamento oral ou injetável de caráter hormonal, também denominado anticoncepcional, que cessa as manifestações do cio, sendo amplamente utilizado por tratar-se de um método barato e relativamente simples de ser efetuado e que no entanto, apresenta amplos efeitos colaterais indesejáveis.
Os medicamentos á base de progesterona visam inibir a ovulação na fêmea, porém atuam também de forma negativa em vários outros órgãos, como nas glândulas adrenais, além de causar aumento de peso no animal. Sabe-se ainda que animais tratados com medicamentos á base de progesterona podem desenvolver diabetes melitus caso tenham predisposição para o problema. Outro problema também causado pelo uso de anticoncepcionais é o aparecimento de tumores mamários.
Com relação as infecções uterinas, sabe-se que fêmeas tratadas com anticoncepcionais hormonais desenvolvem patologias uterinas em média 3 a 14 meses após o tratamento, sendo que a média de idade do desenvolvimento de piometra em fêmeas não tratadas é de 7 a 8 anos de idade, o que demonstra a ação dos progestágenos na ocorrência destas patologias.
Os contraceptivos são administrados via oral ou parenteral, sendo a última por via subcutânea e sua aplicação é feita em local oculto uma vez que pode ocorrer descoloração da pelagem no local da aplicação. Os anticoncepcionais (progestágenos) injetáveis são de depósito (de longa ação) e apresentam efeitos colaterais mais exacerbados do que aqueles utilizados por via oral. Alguns animais apresentam vômitos com a administração oral do produto.
Portanto conclui-se que o procedimento cirúrgico apresenta amplos benefícios em comparação à administração de anticoncepcionais hormonais, sendo o tratamento de eleição no controle de natalidade dos felinos.
Dra. Melissa Orr
CRMV 8412
Hospital do Gato Campinas