Distúrbios psicológicos também afetam nossos animais
Já se foi o tempo em que distúrbios psicológicos eram problemas do bicho homem. Agora, sabemos que os animais, especialmente cães e gatos, também sofrem com esse tipo de doenças. Os casos mais comuns variam entre medos extremos (animais fóbicos), ansiedade e agressividade. Problemas que podem requerer tratamento com medicações, como acontece com a espécie humana.Assim como os humanos, os animais sofrem de ansiedade, depressão, estresse e outros distúrbios psicológicos.
De uns anos pra cá, a palavra estresse vem se destacando e hoje em dia, tudo parece ser sintoma ou consequência dele. Mas não pense que o mal atinge somente os humanos, atinge também nossos melhores amigos, nossos pets.
Os cães são animais perceptivos, eles sentem quando seu dono está estressado e acabam captando também as vibrações negativas, demonstrando-as da mesma forma que nós, humanos, o fazemos.
O homem grita, o cão late desesperadamente. O homem bate e empurra, o cão morde e avança. Alguns cães são mais introspectivos e ficam amuados em um canto da casa. Outros mais arteiros, quando estressados não param quietos, andam para lá e para cá.
O estresse canino pode ser gerado também por mudança de residência, sendo que, até que o animal se acostume à nova residência, pode causar estresse.
Mas fique atento, não confunda estresse com outras situações. Quando um cão está latindo demais, pode ser um sintoma de estresse sim, mas pode ser excesso de energia acumulada pelo animal. Há cães que sofrem de doenças mentais e por isso ficam rodeando locais por muito tempo, mas isso também não seria estresse, uma vez já constatada o problema mental.
O melhor remédio para o estresse? Uma dose de carinho, atenção e brincar um pouco são itens indispensáveis e suficientes para que seu amigão fique tranquilo e longe do estresse.
Síndrome da Ansiedade da Separação – O que é isso?
A correria dos tempos modernos, em que todos da casa tem os seus afazeres diários, entre muitos outros fatores vem fazendo com que a Síndrome da Ansiedade da Separação (SAS) torne-se cada vez mais frequente entre os animais de estimação.
O fato de criar o pet como um filho também contribui muito para que a Síndrome da Ansiedade da Separação aconteça com mais frequência, pois diante da solidão o peludo sente intensamente a falta dos seus donos. Afinal, quem é que quando bem tratado não passa a gostar ainda mais da pessoa? Com o cachorro não é diferente, aliás, pela idolatria que ele tem com os donos da casa isso acaba se tornando ainda mais impactante.
Desde a depressão e automutilação, até a destruição dos móveis da casa – principalmente aqueles que as pessoas mais gostam – como forma de punição, o cão passa a mudar o seu comportamento. Precisamos ficar muito atentos para perceber até que ponto algumas atitudes fazem parte da personalidade dele e quando essas ações tornam-se consequências deste problema.
O animalzinho começa a ter várias atitudes diferentes das suas cotidianas, como urinar em lugares que ele sabe que não pode – principalmente na cama dos moradores da casa – mastigar ou rasgar almofadas, travesseiros, tapetes, roupas do varal, arranhar sofás, pontas dos móveis, pés de cadeiras ou portas, além de latir muito, chegando a uivar. Estes são os comportamentos da Síndrome da Ansiedade da Separação nos quais ele pretende castigar os seus donos pela ausência deles.
Já quanto às atitudes psicológicas, eles deixam de comer ou beber água até que alguém esteja em casa (chegando à anorexia), ficam deprimidos, intolerantes, isolados, perdem a vontade de brincar e até mesmo tornam-se antissociais.
Em muitos casos é indispensável a introdução de antidepressivos no tratamento, mas somente eles não resolvem o problema. Para que o pet se recupere as pessoas da casa terão de remanejar algumas tarefas e conciliá-las com horários que deixem o bichano o menor tempo possível sozinho.
Levá-lo para passear ou fazer outra atividade física é uma boa, já que cansado, o cão dormirá na ausência dos seus donos. Ter outro bichinho também é mais uma excelente alternativa, pois com o companheiro ele terá com quem dividir as ocasiões nas quais ficaria sozinho. E o adestramento é mais uma opção, já que o dono e o cachorro aprenderão a lidar com a saída da pessoa de casa e como fazer para que o animal não sofra.
Um erro brutal que muitos cometem é o de se despedir do peludo antes de fecharem a porta. Isto só causa estresse nele. Portanto, nunca dê tchau a ele, simplesmente saia sem dizer nada.
Fique de olho no humor de seu animalzinho
Mudanças comportamentais são comuns em animais com dor. As dores crônicas são as maiores responsáveis, caso dos males ligados à idade, como câncer, hérnia de disco, artrose e nefropatia (a alteração da função dos rins).
“A expectativa de vida de gatos e cachorros cresceu e eles estão pagando o preço, com o aumento da incidência de doenças relacionadas à idade avançada”, diz Karina Yazbek, veterinária certificada pela Sociedade Brasileira de Estudo da Dor (SBED). São considerados idosos os gatos com mais de 7 anos. Cães de pequeno porte se tornam senis aos 8 anos, e os de tamanho médio, aos 7. Já cachorros grandes envelhecem cedo, entre 5 e 6 anos. E vivem menos: aproximadamente 10 anos. Os outros têm expectativa de vida entre 13 e 20 anos. Gatos podem alcançar 15.
Mas os sinais emitidos por animais idosos com dor são semelhantes aos dos jovens, ressalta a veterinária Denise Fantoni. Segundo ela, outras causas de dor em bichos de estimação são traumas, inflamações na orelha, processos pós-operatórios e ainda uma doença capaz de acometer a função urinária, no caso dos felinos.
Os cães também sofrem de depressão
Tido como um problema frequente na vida canina, a depressão em cães pode ter diferentes motivos e possíveis tratamentos.
Assim como no caso dos seres humanos, a depressão em cães é um diagnóstico cada vez mais frequente no mundo pet. Podendo estar associada a outras questões – incluindo ansiedades e fobias, por exemplo – o estado depressivo de cachorros pode ser desencadeado por uma série de motivos diferentes, incluindo desde uma mudança de ambiente até a recuperação de uma enfermidade mais grave. A morte de alguém muito próximo também pode ser um motivo para o surgimento da depressão em cães – assim como o afastamento de um de seus amigos pets. A inclusão de outro animal na vida do pet acostumado a ser o único bicho de estimação da casa também é um fator relevante para o aparecimento do estresse no animal.
A perda de liberdade (quando o cão fica privado de caminhadas e passeios constantes, por exemplo) e experiências traumáticas – como cirurgias e atropelamentos – não ficam de fora da lista. O sentimento de solidão ou abandono ainda é um dos principais motivos para a depressão em cachorros.
Confundida com a SAS – Síndrome da Ansiedade de Separação – em alguns casos, a depressão em cachorros também pode fazer com que o pet se comporte de maneira ansiosa e atípica e, justamente por isso, é de grande importância que os donos de cães saibam como observar e identificar os sinais que indicam o estado depressivo de seus bichinhos de estimação.
Busque manter uma rotina predeterminada em relação à passeios, brincadeiras, ambientes e companhias. Dar carinho e atenção aos pets também é importante para evitar um caso de depressão canina, e os proprietários de cães devem evitar ao máximo passar longos períodos de tempo longe de seus animais.
A gravidez psicológica é outro distúrbio comum nos cães. Ela ocorre com relativa frequência. Os sintomas variam muito, e podem incluir o aumento do volume do ventre, produção de leite e alterações no comportamento, como irritação e agressividade, como se a fêmea estivesse protegendo seus filhotes.
Outros comportamentos que devem ser observados
A lambedura por estresse também é frequente nos dias de hoje. Ocorre em cães já que, ao contrário dos gatos, são animais muito agitados e não suportam o tédio facilmente.
A recomendação é de que sempre se pesquise sobre as características do cão antes de adquiri-lo. Afinal, enquanto filhotes, todos os pets são fofos e meigos, porém somente mais tarde mostram seu verdadeiro perfil. Há ainda muitos outros transtornos, como a agressividade canina (que pode decorrer de problemas em sua criação e sociabilização, ou mesmo da sua índole), a perseguição da própria cauda (normalmente associada a algum processo doloroso ou de coceira intensa) e a roedura de móveis (que pode ser uma deficiência nutricional ou um indicativo de estresse, tédio ou carência).
É importante prestar sempre muita atenção ao animal, perceber quais são seus hábitos normais e quando há algo de errado. E sempre que houver feridas ou qualquer alteração física ou comportamental, é indispensável procurar um veterinário.
Caso seu animal de estimação apresente algum desses sintomas, consulte um médico veterinário.
Cães
- Tristeza, apatia e prostração;
- Menor interação com o proprietário (não o recebe no portão, não quer brincar);
- Redução de mobilidade;
- Diminuição do apetite;
- Automutilação (fustigando alguma parte do corpo, como a pata);
- Ganidos e grunhidos (em caso de dor aguda, como a pós-operatória);
- Agressividade ou timidez (sinais opostos para expressar a dor);
- Respiração ofegante e batimentos cardíacos acelerados;
- Insônia e cansaço
Gatos
- Aumento da carência (ele quer chamar a atenção para mostrar que está mal);
- Não levantar a perna para urinar;
- Redução dos hábitos de auto-higiene;
- Aumento do isolamento
Prevenção é tudo
Evitar problemas e distúrbios dos cães é uma atitude que começa desde a escolha do cão. Estude a raça e/ou o comportamento do animal escolhido. Veja se ele tem alguma característica ou problema que exijam cuidados especiais. Certifique-se de que poderá cuidar dele. É preciso perguntar-se, por exemplo: Tenho espaço disponível? Os pets que já tenho em casa poderão conviver com um novo amigo?
Zoopsiquiatria
A zoopsiquiatria é um ramo da medicina veterinária que trata os desequilíbrios emocionais e psiquiátricos em animais.
Ela defende, em poucas palavras, que a mente animal tem as mesmas vulnerabilidades da mente humana. Para os especialistas da área, animal doméstico é como um bebê. Como os bichos não falam, só é possível saber quando estão felizes, tristes ou assustados observando seu comportamento. “A psiquiatria veterinária é muito parecida com a psiquiatria infantil. O diagnóstico é baseado no que o tutor diz e na observação do animal”, afirma Stéfanno Mendes Lima, veterinário especialista em zoopsiquiatria.
TRATAMENTOS
O animal, acima de tudo, tem comportamentos e sentimentos próprios. Dessa forma, o tratamento de traumas e distúrbios também será específico para cada cão. De forma geral, as terapias envolvem treinamentos de contracondicionamento e medicamentos, alopáticos ou naturais. Acupuntura e remédios à base de florais também podem ser benéficos para a saúde mental do pet.
Ainda não existem, no mercado, remédios desenvolvidos exclusivamente para os pets para estes tipos de distúrbios. Em 2007, a empresa Elanco lançou o Reconcile, uma versão canina do antidepressivo Prozac. Ele tinha gosto de carne e servia para curar desordens compulsivas e ansiedade de separação, mas não vendeu como se esperava e foi tirado de linha. Por enquanto, os pets e seus donos seguem compartilhando as mesmas medicações. E as mesmas neuroses.
Para que qualquer tipo de tratamento possa ser iniciado em seu pet, é fundamental que um profissional da saúde animal seja consultado, e vale a pena ressaltar que a automedicação para cães jamais deve ser feita. Remédios homeopáticos, antidepressivos e outros medicamentos alopáticos diversos podem ser prescritos para os cães em depressão, sendo que combinação de tais produtos com atividades físicas e terapias especiais também traz ótimos resultados.
Junto com isso, vale lembrar que mimar bastante os cachorros com este tipo de problema nunca é demais; e um quadro depressivo em cães pode ser bastante amenizado pelo carinho de seus donos e sua família.
A homeopatia considera os comportamentos, atitudes e manias como sendo sintomas, e como tal, podem ser tratados e resolvidos, ou no mínimo, minimizados.
Os florais para cães não são exatamente remédios, consistem em uma alternativa que deve ser optada simultaneamente ao tratamento médico, quando necessário.
O floral é um preparado natural, elaborado a partir de flores, no qual se agrega álcool que serve como conservante. É uma mistura hidroalcoólica diluída, ou seja, não tem princípios ativos, desta forma o floral não acarreta em nenhum efeito fisiológico, biológico ou orgânico.
Os florais para cachorros servem como um meio de equilibrar as emoções e são os mesmos que os humanos utilizam e tem a mesma finalidade.
Outro tratamento muito indicado para as questões emocionais é a Acupuntura veterinária. Muitas vezes ela é empregada para ajudar a diminuir a ansiedade ou agressividade dos mascotes. Quem deve fazer a indicação do tratamento adequado ao seu animal é o veterinário, ele é quem vai analisar o caso, fechar o diagnóstico e indicar o tipo de tratamento mais adequado ao seu amigão.
FONTES:
Darivaldo torres costa
http://www.cachorrogato.com.br/cachorros/depressao-caes/
karina yazbek, veterinária certificada pela sociedade brasileira de estudo da dor (sbed); denise fantoni, veterinária
patrícia flôr, veterinárias.