A arte de Criar Cavalos

O cavalo foi um dos primeiros animais a ser domesticado pelo homem, e muito do desenvolvimento da humanidade deve-se  a este parceiro leal. Foi a força, a agilidade, a inteligência deste animal, que permitiu ao homem desenvolver a agricultura, a se locomover e transportar  cargas a longas distâncias, a expandir os horizontes e conquistar novas áreas.
No decorrer da história, aprendemos a conhecer melhor este apaixonante animal, a desenvolver raças com diferentes aptidões e, mais recentemente, a entender a psicologia equina, a sua fisiologia, e, com o avanço da tecnologia, a dominar métodos de reprodução, como a inseminação artificial, a transferência de embrião e até a clonagem – o que vem permitindo um grande avanço genético.
No entanto, à margem de tanto desenvolvimento científico, a sensibilidade e o “feeling” ainda continuam sendo o grande diferencial dos criadores de sucesso. Criar cavalos vai muito além de cruzar um garanhão com uma égua, passa pela escolha criteriosa dos pais de acordo com suas características físicas aparentes(fenótipo), da carga genética trazida de seus ascendentes(genótipo), de sua capacidade de transmissão de características positivas através da análise de seus filhos(progênie) e de um aspecto pouco considerado, mas de vital importância, que são as características morais, como índole e temperamento dos pais, que também são transmissíveis aos filhos e devem sempre ser consideradas.
O que um cavalo ou égua vai ser quando adulto é definido basicamente pelo que ele traz em sua genética  somado às interferências do meio desde sua concepção até sua completa formação. A quantidade e a qualidade do alimento oferecido à égua, sobretudo no terço final da gestação e na lactação; a qualidade do ambiente em que vive a égua e futuramente o potro.  A liberdade, o espaço, a possibilidade de convívio com outros potros, a alimentação adequada, o manejo correto e a doma, feita sem traumas ou violência, são fatores decisivos para formação de um animal saudável e de “bom caráter”.
Antes, porém, de cruzar qualquer animal, é preciso pensar que se está dando origem a uma nova vida e, em casos de grandes animais, pense bem se você tem condições de cuidar adequadamente  de mãe e filho – o que envolve local adequado e condições de arcar com todos os custos de manutenção. Se tiver disposição e condição, vá em frente, e tenha em mente que: Antes da sua satisfação deve vir, sempre, o bem estar do animal.
Marcos Ferraz